sábado, 29 de abril de 2023

Dois anos sem Inácio Bianchi

   Hoje (29/04/2023) faz dois anos que nos vimos pela última vez, parece que foi ontem, mas lembro dele todos os dias, difícil esquecer alguém tão intenso quanto Inácio. Intenso como professor, como escalador, como pessoa, como amigo e companheiro, sempre disposto, se algo realmente lhe movia era a escalada. Inácio não media esforços para se manter na montanha, e como ele sempre dizia: "A escalada mudou minha vida!".

    Mas não mudou só a vida dele, mudou a vida de todos nós que convivíamos com ele, tinha uma capacidade incrível de virar seu amigo quase que instantaneamente, e também de perdoa-los quando erramos com ele (pois amigos erram) mesmo querendo acertar.
    Passei dois anos querendo escrever este texto, e por mais difícil que seja, sinto que preciso escrever. É difícil descrever o que sinto, e talvez a confusão deste texto represente isto, sempre falo para meus pacientes que a gente sempre ganha algo quando perdemos algo, muitas vezes ficamos presos aquilo que perdemos e não conseguimos seguir a diante, hoje percebo o quão difícil é isso, não porque eu não tenha me dado conta desta perda que sinto todos os dias, mas hoje consigo ver algumas mudanças em mim. E talvez seja isso, só sentimos a falta na ausência. Crescemos sendo ensinados a só ganhar, mas o que a gente mais faz na vida é perder, e como dói perder. 
 Mas ao mesmo tempo me senti acolhido por outros amigos e escaladores, muitas pessoas se juntaram para ajudar a cuidar das vias e locais de escaladas que Inácio ajudou a abrir nossa região, ganhei novos amigos e parceiros para continuar esta jornada tão incrível que é a vida! 
    O Inácio era uma daquelas pessoas que você queria levar pra sua casa e apresentar aos seus pais, eles ficariam orgulhosos por por você ter um amigo tão incrível, muitas vezes ele passava horas conversando com meu pai, claro que ficar horas falando sobre qualquer assunto para o Inácio era uma tarefa muito fácil. Quantas vezes estávamos lá todos prontos para ir embora depois de um dia de escalada, ai ele encontrava alguém no caminho, pode esquecer, lá se vai mais uma hora de boa prosa, ele tinha o tempo dele, pra que pressa, ele queria passar a maior parte da vida fazendo o que realmente amava, ficar ali na montanha! 
    Era tão intenso que eu falava que ele tinha uns 500 anos, depois de mais de vinte anos de amizade e parceria, de repente ele contava uma daquelas histórias de sua vida que ainda não havia contato, nossa e quanta vida numa pessoa só. Realmente um professor, eu sempre falava que não tinha uma vez que a gente se encontrava que eu não aprendia algo, um grande mestre, me ensinou muito, mas muito mesmo. 
    Em fim, só tenho a agradecer, a essa pessoa fantástica que permitiu que eu fizesse parte de sua vida.
    Abaixo deixo um link de um vídeo com fotos do Inácio para quem quiser matar a saudade.
   
    

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